quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Religião, come and get me!

É isso mesmo.

Eu desafio a religião. Para ser mais exata: desafio seus seguidores mais fervorosos.

Não falo daqueles que podem até ir à Igreja no domingo, que rezam e agradecem a Deus vez ou outra. Aqueles que de vez em quando soltam um palavrão, mas que lêem jornais, vão ao cinema, passeiam no parque e brincam com o cachorro quando chegam em casa. Não. Estes estão OK comigo. Sem ressentimentos.

Mas aqueles que se criam num mundo à parte, que interpretam os dizeres e opiniões de bispos e religiosos como suas próprias, mesmo não tendo nenhum conhecimento dos assuntos tratados... Ah... Estes são eles. Estes podem vir travar uma guerra comigo, porque estou de saco cheio (de razão).

Me enfureço contra aqueles que prejudicam os outros por uma devoção cega e irresponsável a uma religião qualquer. E por "religião qualquer" eu admito que ilustro meu pensamento com base na religião católica, na qual fui, inclusive, batizada.

É esta religião e algumas vertentes dos ensinamentos cristãos que estão me dando nos nervos.

Eventualmente, volta e meia, alguma atitude totalitária e ignorante me irrita, mesmo que não me afete diretamente. Mas o fato de existirem mentes que não funcionam em contato com o "todo" e somente com informações filtradas e selecionadas, e mais ainda o fato de estas mentes, com matérias primas limitadas, quererem impor suas idéias e julgamentos a pessoas que, pobrezinhas, estão lá, assistindo a sessão da tarde num feriado particularmente enfadonho - pessoas comuns, sem vícios.

Sim, porque religião demais é um vício também.

E se quer saber: Não, meu amigo. Você não vai pro céu. Ao menos não assim, desta maneira.

Não é lendo a bíblia todos os dias, não é pregando o evangelho na cara de quem não está nem aí pra crucifixos ou apocalipses que você vai chegar a algum lugar. Não é menosprezando os outros que não dividem as mesmas opiniões com você que Deus vai afofar as almofadinhas pra você se sentar confortável quando morrer e subir com anjinhos para o Paraíso eterno.

Assim você só incomoda, só prejudica, só contraria a ética e o amor que, ao meu ver, é tudo que verdadeiramente importa ser interpretado como lição da Bíblia.

E estas lições de ética e amor, de altruísmo e generosidade, não são grande parte da Bíblia não. E outra: isso não é exclusivo do cristianismo, nananinanão. Isto, se posso colocar assim, é o que PRESTA dos ensinamentos de uma crença que resultou naquele livro manipulado, antiquado e deturpado - a Bíblia Sagrada.

Quer uma lavagem cerebral das boas? Leia a Bíblia. Lá você encontra métodos e julgamentos absolutamente absurdos. O adultério e a morte estão justificados ali. A guerra está justificada ali.

Ah, sinceramente, vá se catar se você leva o que está ali a sério.

Ok. Vou lembrar também que estas graciosas lições não são mérito somente da Bíblia dos católicos. Várias outras religiões tem livrinhos igualmente antiquados e - veja que interessante - muito convenientes para quem quer manter o poder sobre outro ser humano usando a arma mais perigosa que pode haver: a mente. Lavagem cerebral de primeira linha. Manipulação.

Agora, deixe-me deixar claro: não estou pregando o ateísmo.

"O quê??"

É. Sejam religiosos e felizes. A religião pode sim fazer pessoas melhores, porque uma crença em um mundo tão desgastante e hostil quanto este é uma luz no fim do túnel. É uma brisa que alivia quem precisa de esperança para perdurar, para viver.

Mas tem gente que não precisa desta crença no além para isto. E estas pessoas devem ser respeitadas, como todas as outras.

Há aqueles que acreditam em coisas diferentes - alguns acreditam em duendes, de verdade -, e alguns não acreditam em nada mesmo, somente em serem felizes e aproveitar o que a vida pode oferecer. (E claro, existem os intermediários - grupo no qual eu posso me incluir - que são aqueles que às vezes acreditam em alguma coisa, não sabe-se exatamente no que, e às vezes não acreditam em nada, mas mantém a fé em si mesmos.) Tudo isto, novamente, com o mesmo propósito de ter esperança para perdurar, para lutar para crescer, continuar existindo e co-existindo com os outros.

Tudo isso é visível. Todas estas diferenças. E todas estas pessoas podem viver juntas em harmonia. Exceto quando aparece algum fanático ignorante de qualquer um dos times e quer meter seu dedo onde não lhe diz respeito.

Isto, hoje mesmo, está acontecendo na discussão sobre a legalização do aborto de fetos anencéfalos. Fetos sem cérebro. Fetos com morte cerebral sem nem terem vivido.

Ruim, não?

Acho que mais ruim ainda para quem está vivo. Para quem os gerou. Para uma mãe que vai ter que carregar, nutrir e dedicar-se a um ser que não será seu bebê. Ao menos, não o bebê que as mulheres sonham em ter, que vai nascer, chorar, fazer caca, falar as primeiras palavrinhas, crescer e virar mais um adulto, um indivíduo. E para um pai também, claro, que também tem todos estes sonhos.

Nem ao menos abraçar, pegar no colo, sair pra passear... Não dá. Por que o feto nasce e tem expectativa de sobrevivência de minutos a poucos dias. Quando sobrevive alguns dias, é por ajuda de aparelhos. Um vegetal.

Pelo amor de Deus (sim! Dele mesmo!). Se isso apenas não basta para autorizar que se antecipe o fim da gestação, que se interrompa isso caso seja o desejo dos pais... Santidade! Haja ignorância! E agora também, não sei o que um bispo - homem, padre, que não é pai - sabe sobre ter um filho, sobre carregar um feto crescendo dentro de si já "morto", para querer proibir algo deste tipo.

Se ele é o tal bispo bãmbãmbãm da Igreja, então seus fiéis vão, como de costume, tomar a opinião tão ilustre dele como sua própria e não cometerão tal pecado contra Deus. Pronto. Os felizes fiéis e as mães destas famílias darão a luz a um bebê que não pensará nada e que morrerá em minutos. Paciência. É a escolha deles e eles tiveram o direito de tomá-la.

E as outras famílias terão a oportunidade de escolha, simplesmente. Aqueles que têm crenças diferentes, ou mesmo iguais, mas que tomam uma decisão distinta, estes poderão interromper a gestação, se recuperar do susto e tentar de novo formar uma família, ter um filho saudável.

A possibilidade de ESCOLHA simplesmente é o que está em jogo. Quem quer, pode fazer, quem não quer, não faça.

Parece simples. É dolorosamente tão óbvio para mim que a inquietação motivou este texto - esta "bíblia" se me perdoam a ironia.

E desta questão, surgiu outra, que vou exacerbar num próximo texto. Vou poupar meus dedos e os olhos de todos que se dignarem a encarar essa enxurrada aí em cima.


...


Uff. Vou respirar fundo, tendo aliviado meu coração de tudo isso que me revoltava esta manhã. Ah! Como é bom expor alguns pensamentos pertinentes...


Primeiro, os porquês.

Para que isto?



Me parece necessário esclarecer isso primeiro, antes de jogar palavras e frases cheias de moral aqui. Não que seja obrigatório. Pensando agora, eu bem que poderia já sair falando, textualizando, cronicando, reclamando sem qualquer decoro - ora, este espaço é meu.


Mas, apesar de jovem, tenho alguns hábitos conservadores que tornariam esta enxurrada repentina algo inexplicavelmente desagradável de se fazer. Ficaria aquela cosquinha na mente: "Mas como, simplesmente sair escrevendo? Sem introdução? Sem apresentação? Não parece certo, não, não...". Coisa de gente apegada a formatos. Aquele esquema de trabalho de colégio: introdução, corpo, conclusão. Aparentemente, esta parte eu realmente aprendi daquela época.

Pode ser. Mas que coça, coça. Por isto, aqui está.

Esta é a minha introdução. E o que vem por aí, nem mesmo eu sei.


Bom... Na verdade eu sei o que vem a seguir, diretamente após. Mas depois disso... Ih. É uma queda-de-braço entre minha criatividade e minha inércia física. Muitos pensamentos bonitos, muitas coisas a dizer, mas pouca motivação de sentar, tomar coragem e vergonha na cara para teclar, escrever, expor.

Quando algo aparecer por aqui, podem crer que minha criatividade foi vitoriosa nessa guerra incansável que existe aqui, apertadinha na minha vasta mente.