segunda-feira, 3 de maio de 2010

Só pra deixar claro o quão puta da vida estou com o atraso na estréia de Clash of the Titans aqui no Brasil (e mais especificamente, em Porto cu Alegre).


E tenho dito.

segunda-feira, 1 de março de 2010

MoviesMovies: The Imaginarium of Doctor Parnassus (2009)

Johnny Depp, Jude Law, Colin Farrell, Christopher Plummer e o falecido Heath Ledger, todos num filme só.

Agora que deu pra ficar curioso, o trailer:






Entããão! Se o casting não é suficiente pra querer ver o filme, pactos com o diabo, viagens no imaginário e cenários nonsense já são suficientes pra essa estréia ser muito DO WANT.

O plot é, basica e resumidamente, este: o Doutor Parnassus, capaz de criar viagens no imaginário das pessoas, fez um pacto com o diabo pra ter a imortalidade. No entanto, em troca teria que dar sua filha pro dimonho quando esta completasse 16 anos (hum, pedobear, anyone?).

O filme é de 2009 no exterior. Como sempre, a gente espera a estréia atrasada aqui no Brasil pra maio de 2010.

O que interessa é ver um filme diferente, com bons atores fazendo papéis fantásticos, num plot sobre algo essencial e pouco creditado: a imaginação.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

MoviesMovies: Clash of the Titans (2010)

Clash of the Titans (Fúria de Titãs), dos anos 80 e lá vai pedrada, foi refilmado com toda a - ui - tecnologia e vai ser lançado esse ano, possivelmente em março. Ao menos, no exterior vai... aqui já não garanto nada.

A história (é para ser sobre) Perseu, o cara que cortou a cabeça da Medusa. Mas obviamente a galera que adaptou pro cinema misturou mitologia grega com nórdica e ainda torceu a história toda pra ficar mais RAWR pro cinema. Nem ligo, vai ser um filme épico anyway. (L)


O traaaaaaaaaaaaaaaaaailer é de tirar o fôlego, me arrepiei toda com aquele Kraken brutaldeathmetal, deusolivre. Vou me cagar no cinema.

Ó só:





JESUSCRISTO. To lá na estréia, certo.

Le Coin Des Arts: Lírios, Mucha e Relógios


Le Coin des Arts um cantinho pra, quiçá, muito de vez em quando, eu dar a minha humilde e totalmente parcial opinião sobre o assunto, só pra irritar os críticos de arte usolinguagemcomplicadasópraelitizaroassunto super cults por aí (Y)

.


Sabendo que eu sou abertamente fã de Art Nouveau ou, mais precisamente, do trabalho de Alphonse Mucha, uma amiga me enviou algumas fotos que não poderiam deixar de aparecer aqui.

Mas, antes, pra não deixar ninguém boiando demais, vou tentar dar um rapidão sobre o que é a Art Nouveau e o trabalho de Alphonse Mucha (L).


Pois bem: esse estilo de arte, chamada "arte nova" (no shit, sherlock), surgiu na França no final do século 19 (não uso os XIX que sei que tem gente que demora meia hora pra calcular qual é o número, tipo eu) e é característico do design gráfico, mais do que das artes plásticas em si. Isso é, era um estilo usado para cartazes, rótulos de produtos, cenários de teatro, pôsteres de pessoas famosas, ilustrações, etc. Obviamente, haviam painéis e pinturas também, mas é muito mais característico ver a Art Nouveau em meios relacionados ao design, inclusive na arquitetura (oi, Gaudí, dica). A galera da Bauhaus e outros movimentos mais sóbrios (e chatos, falei mesmo) despreza ou menospreza, em geral, a Art Nouveau por causa dos floreios, elaborações que remetem ao impressionismo e à natureza. Explicando: Art Nouveau tem enfeites, molduras rebuscadas, traços orgânicos, ornamentos como flores, plantas, etc. Pra mim, isso quer dizer que Art Nouveau é bela. Desculpe, Bauhaus, mas nem ligo. Pra mais detalhes, google it.

Entre os expoentes da Art Nouveau está um artista Tcheco, meu amado, idolatrado e absurdamente talentoso Alphonse Mucha.

Antes de falar dele, é melhor vê-lo:


(Quem me disser que isso não é lindo leva uma rapa na cabeça. Rá, jura. )

Sobre Alphonse Mucha: nasceu em 1860, na Tchecoslováquia (ou o equivalente dela hoje), e estudou na Academia de Arte de Munique antes de se tornar conhecido, na França, por causa dos trabalhos que fez com a famosa atriz da época Sarah Bernhardt. Assim, ele passou a trabalhar criando, além de rótulos e designs para decoração, pôsteres e cenários para os espetáculos teatrais da época. Mucha até morou nos Estados Unidos, onde ensinou pintura e, na Europa, fez inúmeros painéis e decorações, inclusive em catedrais e prédios públicos. Mucha foi preso pela Gestapo logo que os alemães invadiram a Tchecoslováquia, em 1939. Ele foi libertado no mesmo ano mas, com a saúde irremediavelmente prejudicada, faleceu em 14 de julho.

Os trabalhos de Mucha apresentam ao mesmo tempo uma elaboração meticulosa e uma simplicidade típica da litografia colorida (técnica de gravura muito usada por ele). A diferença de espessura dos traços, as cores, os adornos e floreios... Tudo isso ilustra uma elegância rebuscada misturada à sensação de "novidade" trazida pela Art Nouveau. As mulheres de Mucha são seres etéreos e encantadores. São como ninfas, representando estrelas, estações do ano, pedras preciosas ou flores. Pode-se passar horas observando uma delas, com toda a riqueza de detalhes: a delicadeza sutil da pintura e detalhes da textura em contraste ao traço cru e delimitador dos contornos. Enfim, é hipnotizante.


Mas, porém, entretanto, o que minha amiga me enviou não foram trabalhos do próprio Mucha, mas sim fotografias de moda feitas em cima do trabalho dele. Estas fotos foram feitas por Mierswa-Kluska para um catálogo de relógios, o Plaza Watch Magazine, com a modelo Barbara Meier.


Nem vou juntar os pontinhos porque a semelhança é óbvia, olha só:







Mais "clean", obviamente - são fotos de catálogo - mas ainda assim têm a essência do Art Nouveau de Mucha.



J'adore!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Enfim.

Estou de volta. Como sempre, fazendo aquelas voltas espiraladas que acabam por nos fazer chegar a um lugar já conhecido por nós. No meu caso, aqui.

Precisei de tempo pra pensar "pra dentro", pra mim mesma. Pra desanimar e sofrer o que tinha pra sofrer e tentar superar e lidar com assuntos pessoais de uma maneira diferente. E assim o fiz, ou melhor, ainda estou fazendo.

Voltar aos poucos a escrever e a partilhar com vontade os assuntos do mundo que me interessam, isso talvez seja parte desse processo de retorno. Não é natural, exige esforço e disciplina. E estou aberta a aprender como a vida é com essas coisas.

Basta dizer que a minha folga foi um mergulho na minha própria ilusão. Mas já passou da hora de acordar novamente.

Quero me tornar alguém melhor, mas também quero resgatar o que havia de maravilhoso e forte em mim no passado.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

"Deixe outros viverem vidas pequenas, mas não você.
Deixe outros discutirem sobre coisas pequenas, mas não você.
Deixe outros chorarem por pequenas feridas, mas não você.
Deixe outros deixarem seus futuros na mão de alguma outra pessoa, mas não você."

Jim Rohn

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Melancolia de Final de Ano

Nos últimos dias, tenho preferido a companhia da música e de bons amigos.

A música está aqui:




E os amigos estão comigo, não importa a distância. :)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

In Love with the QR Code

Deus salve o QR CODE.

qrcode

qrcode.kaywa.com



Japoneses, definitivamente, amo vocês.

Eu tinha visto a notícia do QR Code há mais de dois anos, mas na época pensei 'oh, não vou anotar isso'. What a big mistake. Fiquei no limbo logo depois, loucamente querendo gerar meu quadradinho mágico de informações, mas não podia pois não lembrava do nome do código...


Deus salve também as leituras de banheiro, porque foi folheando uma revista da GOL que vi, ali, lindo, maravilhoso, genial, numa matéria de canto de página, o QR Code num rolo de papel higiênico no Japão.

(L)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Uma liçãozinha de vida para a terrível Segunda-Feira

Me abstenho de comentar porque seria repetir o que o Roberto Shinyashiki disse:


cuidado com os burros motivados

Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização da aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.


Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki -- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe.
O mundo define que poucas pessoas deram certo.

Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.

E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.

Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena, porque não conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa.

Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se orgulhar da mãe.
O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.

Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.

São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.


O Sr. citaria exemplos?

Shinyashiki -- Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia.

Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis.

Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem.

Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito '100% Jardim Irene'.
É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes.

O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana.

Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio.

Por que tanta gente se mata?

Parte da culpa está na depressão das aparências.


Qual o resultado disso?

Shinyashiki -- Paranóia e depressão cada vez mais precoces.

O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece.

A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança.

Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas.

Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.


Por quê?

Shinyashiki -- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento.

É contratado o sujeito com mais marketing pessoal.

As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.

Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras.

Disse que ela não parecia demonstrar interesse.

Ela me respondeu estar muito interessada, mas como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas.

Contratei-a na hora.

Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.


Há um script estabelecido?

Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa 'O Aprendiz'?

- Qual é seu defeito?

Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:
- Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.

É exatamente o que o Chefe quer escutar.

Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?

É contratado quem é bom em conversar, em fingir.

Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.

O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse:
'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'.

Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor !


Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki -- Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento.

Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.
Cuidado com os burros motivados.

Há muita gente motivada fazendo besteira.

Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado.

Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.

Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso, para o qual eu não estava preparado.

Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia.

O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.


Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki -- Falta às pessoas a verdadeira auto-estima.

Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.
Antes, o ter conseguia substituir o ser.

O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom.

Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer.
As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam.

E poucos são humildes para confessar que não sabem.

Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim.

Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.


Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Shinyashiki -- Isso vem do vazio que sentimos.

A gente continua valorizando os heróis.

Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
Quem vai salvar o time? O técnico.
Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.

O problema é que eles não vão salvar nada!

Tive um professor de filosofia que dizia:
'Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia.

Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.
A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.


O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki -- Exatamente.. A gente não é super-herói nem superfracassado.

A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza.

Não há nada de errado nisso.

Hoje, as pessoas estão questionando o Lula, em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram.

A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.


Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki -- Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente.
Há várias coisas que eu queria e não consegui.

Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos.

Com uma criança especial, eu aprendi que , ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.

Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo.

O resto foram apostas e erros.

Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo.

Um amigão me perguntou:
'Quem decidiu publicar esse livro?'

Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.


Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki -- O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las.

São três fraquezas:
A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança.

Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.

Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno.

Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.

Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.

O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.


Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki -- A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade:

A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais.

A segunda loucura é:

Você tem de estar feliz todos os dias.

A terceira é:

Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.

Por fim, a quarta loucura:

Você tem de fazer as coisas do jeito certo.

Jeito certo não existe.

Não há um caminho único para se fazer as coisas.

As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.

Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.

Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.

Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema..

Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais.
Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.

Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.

A maior parte pega o médico pela camisa e diz:

'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz'.

Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas.

Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.





E depois me perguntam porque eu abro mão de um salário maior num emprego que eu nem gosto pra poder desenhar, ouvir música, sair com os amigos, visitar meu cachorro...

Acho que sou mais esperta do que muita gente pensa. No fim, vou ter vivido mais em tempo igual. :) Espero.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mr. Olbermann

Há algum tempo, postei sobre o andamento da proposta 8, que propunha a extinção do direito do casamento entre homossexuais. Bom. Ela foi votada e, enquanto a vitória do Obama me deixou mais esperançosa, infelizmente a proposta passou.

Hoje estive fuçando no blog da vocalista da banda OTEP, Otep Shamaya, onde ela agradecia a um tal de Keith Olbermann. Ela é lésbica e ativista (e uma baita vocalista). Fiquei curiosa e fui procurar o que este Olbermann havia feito. Achei.

O discurso de Keith Olbermann (jornalista que já trabalhou na CNN e FOX) sobre a passagem da Proposta 8 nos EUA, feito ao vivo em seu programa de notícias, é algo que traduz tudo que eu já havia tentado escrever e pensar sobre o assunto. Achei válido traduzi-lo e coloca-lo aqui... É algo que tem que ser dito... E entristece saber que o que ele fala é tão verdadeiro, e mesmo assim algumas pessoas simplesmente ignoram.

"Primeiramente, hoje como prometido, tenho um comentário especial sobre a passagem, na semana passada, da Proposta 8 na Califórnia, que retirou o direito do casamento entre pessoas do mesmo sexo, e balançou todo o país para pensar sobre o assunto.

Alguns parâmetros, como prefácio: Isso não é sobre disputas, não é sobre política, e isso não é exatamente só sobre a Prop-8. E eu não tenho nenhum interesse pessoal nisto: não sou gay, tive que me esforçar pra pensar em um membro distante de minha família que seja, e não conheço histórias de amigos ou colegas próximos que estejam lutando contra o preconceito.

E ainda assim, pra mim esta votação é horrível. Horrível. Porque isso não é sobre disputas, e não é sobre política.

Isso tudo é sobre... o coração humano, e se isso soa bobo, que seja.
Se você votou por esta Proposta ou apóia quem votou ou o sentimento que ela expressou, eu tenho algumas perguntas, pois, sinceramente, eu não... entendo. Por que isso importa a vocês? O que isso é pra vocês?

Em tempos de impermanência e relacionamentos relâmpago, estas pessoas aqui querem a mesma chance de permanência e felicidade que é opção pra vocês. Eles não querem negar-lhes a sua chance. Eles nã querem tirar nada de vocês. Eles querem o que vocês querem: a chance se serem um pouco menos sozinhos no mundo.

Só que agora vocês estão dizendo a eles: não. Vocês não podem ter isto dessa maneira. Talvez algo parecido. Se eles se comportarem. Se eles não causarem muitos problemas. Vocês até darão a eles os mesmos direitos legais, mesmo enquanto vocês estão tirando deles o direito legal que eles já tinham. Um mundo ao redor deles ainda baseado em amor e casamento, e vocês estão dizendo: não, vocês não podem se casar. E se alguém passasse uma lei dizendo que você não pode se casar?

Continuo ouvindo este termo: "redefinir" o casamento.

Se este país não tivesse redefinido o casamento, negros ainda não poderiam casar-se com brancos. 16 estados tinham leis que tornavam isto ilegal... em 1967. 1967.

Os pais do presidente eleito dos EUA não poderiam ter casado em cerca de um terço dos estados do país onde cresceram para liderar. Mas é pior que isso. Se este país não tivesse "redefinido" o casamento, alguns negros não poderiam se casar... negros. Essa é uma das partes mais cruéis e ignoradas de nossa triste história de escravidão. Casamentos não eram reconhecidos legalmente se as pessoas eram escravas. Como escravos eram propriedade, eles não podiam legalmente ser marido-e-esposa, ou mãe e filho. Os votos de seus casamentos eram diferentes: não "Até que a morte nos separe", mas "Até que a morte ou a distância nos separe". Casamentos entre escravos não eram legalmente reconhecidos.

Sabe, exatamente como casamentos hoje na California não são legalmente reconhecidos, se as pessoas são... gays.

E incontáveis em nossa história são os homens e mulheres, forçados pela sociedade a casarem-se com o sexo oposto, em casamentos arranjados ou de conveniência, ou somente casamentos de ignorância - séculos de homens e mulheres que viveram suas vidas com vergonha e infelicidade e que tiveram, através de uma mentira para si mesmos, quebrado incontáveis outras vidas, de esposas e filhos... Tudo porque nós dissemos que um homem não poderia casar-se com outro homem, ou que uma mulher não poderia casar-se com outra mulher. A santidade do casamento. Quantos casamentos como estes houveram e COMO eles aumentam a "santidade" do casamento, ao invés de simplesmente fazer o termo... perder seu significado?

O que é isso pra você? Ninguém está pedindo que você abrace a expressão de amor deles. Mas vocês não devem, como seres humanos, abraçar... o amor? O mundo já é difícil o suficiente.

Está moldado contra o amor, contra a esperança e contra aquelas poucas e preciosas emoções que permitem que nós consigamos ir adiante. O seu casamento tem somente uma chance de 50-50% de durar, não importa o quanto você sinta e quão duro você trabalhe.

E há pessoas tão felizes pelo prospecto apenas dessa chance e este esforço, só pela esperança de poder ter esse sentimento. Com tanto ódio no mundo, tanta divisão sem sentido, e pessoas agindo contra pessoas sem boas razões, isso é o que a sua religião lhe diz pra fazer? Com a sua experiência de vida e deste mundo e de toda a sua tristeza, isso é o que a sua consciência lhe diz pra fazer?
Com seu conhecimento de que a vida, com infinito vigor, parece pender o campo onde todos vivemos em favor de infelicidade e ódio... Isso é o que o seu coração lhe diz pra fazer? Você quer santificar o casamento? Quer honrar o seu deus e o amor universal que você crê que ele representa? Então espalhe felicidade - este pequeno, simbólico, semântico grão de felicidade - divida-o com todos que o procuram. Cite pra mim qualquer coisa de seu líder religioso ou seu livro escolhido que diga-lhe para ficar contra isso. E então diga-me como você pode acreditar nessa declaração e em outra, outra que diz somente "trate os outros como você gostaria que os outros lhe tratassem".

Você é questionado agora, pelo seu país, e talvez pelo seu criador, para ficar de um dos lados. Você é questionado a se posicionar, não numa questão política, não numa questão religiosa, não numa questão de hétero ou gay. Você é questionado a se posicionar numa questão de... amor. Tudo o que você tem que fazer é posicionar-se, e deixar a pequena cinza do amor encontrar seu próprio destino. Você não tem que ajudá-la, não tem que aplaudí-la, você não tem que lutar por ela. Somente não a apague. Só não a extingua. Porque, por mais que à primeira vista este amor entre duas pessoas que você não conhece e que você não entende e que, talvez, você nem queira saber sobre... é, na verdade, a cinza do seu amor, pelo seu companheiro/a.

Só porque este é o único mundo que temos. E porque a outra pessoa também conta.

Essa é a segunda vez em 10 dias que eu concluo me referindo, dentre todas as coisas, ao pedido final de misericórdia de Clarence Darrow, num julgamento de homicídio.

Mas o que ele disse se encaixa no que está realmente no âmago disso tudo:

"Eu estava lendo noite passade, sobre a aspiração do antigo poeta persa Omar-Khayyam" ele disse ao juíz. "Pareceu-me a coisa mais elevada que posso imaginar. Gostaria que estivesse em meu coração, e no coração de todos:

Deixe-me ser escrito no Livro do Amor;
Não me importo sobre o livro acima.
Apague meu nome ou escreva-o como quiser,
Porque serei escrito no Livro do Amor."

Boa noite, e boa sorte."

Assim como a Otep, eu também agradeço, Keith.